terça-feira, março 20, 2012

O craque louco: Heleno renasce mais de 50 anos após sua morte

Os dentes da frente eram tortos, um tanto separados. No rosto de Heleno de Freitas, naquela expressão que fazia as mulheres tremelicarem em meio a suspiros, haveria de ter alguma imperfeição, como que a combinar com a personalidade dele. Porque o espírito do gênio da década de 40 também tinha pontos tortos. E é justificável. Não fosse assim, talvez ele não seria ressuscitado em homenagens mais de 50 anos após sua morte – reconhecido em filme, livro e exposição como uma das maiores personagens já criadas pelo futebol brasileiro. Antagonista de si mesmo, o goleador que deixou a vida em um hospício, na precocidade dos 39 anos, tem os vaivéns de sua história recontados. É uma trajetória que beira a ficção, com a pulsão de uma vida superacelerada pela fama e a dor de uma morte atormentada pela loucura.

Chega aos cinemas na semana que vem, dia 30, o filme “Heleno – o príncipe maldito”, dirigido por José Henrique Fonseca (veja o trailer no vídeo ao lado). O ídolo alvinegro é vivido por Rodrigo Santoro – quase uma cópia da personagem que interpreta, com um nível de semelhança capaz de assombrar os familiares do craque trágico. A inspiração para a telona saiu do livro “Nunca houve um homem como Heleno”, de Marcos Eduardo Neves, levado às livrarias em 2006 e relançado agora. A loja oficial do Botafogo, em General Severiano, tem até o fim do mês uma exposição com fotos da carreira e da vida pessoal do ex-atacante.
É o renascimento de uma lenda abençoada pela vida e amaldiçoada pelo destino. O galã de tantas mulheres, o artilheiro de tantos gols, o encrenqueiro de tantas confusões, o viciado de tantos excessos, o egocêntrico de tantos orgulhos, haveria de morrer longe da glória, louco, doente. E haveria de ser eterno.

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