domingo, julho 01, 2012

acabou a novela


Do primeiro contato com a colaboração do ex-jogador Serginho, funcionário do Milan, ao sim de Seedorf, foram mais de dois anos. Em maio de 2011, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, e o então vice de futebol André Silva viajaram para Milão, encontraram o holandês e sua agente Deborah Martin e saíram de lá com a certeza de que poderiam trazer o jogador, que se transformaria em uma das maiores contratações do futebol brasileiro.
Mauricio Assumpção, Botafogo (Foto: Fernando Soutello / AGIF)Mauricio Assumpção traça metas para o Botafogo de Seedorf (Foto: Fernando Soutello / AGIF)
O momento crucial para Maurício aconteceu em novembro do ano passado, quando Seedorf enviou uma equipe para avaliar a estrutura do Botafogo, o time que estava formado e o projeto para o ano seguinte, quando pretendia desembarcar no clube. A espera valeu a pena e, agora, ele busca colher os frutos, mas não se satisfaz apenas com a chegada de reforço.
- Minha grande vitória vai acontecer na hora em que der o título brasileiro para a torcida - avisou Maurício Assumpção, que, nesta entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, lembrou como foi a longa negociação para contratar o jogador e mostrou tranquilidade na relação com o restante do time.
Em algum momento você temeu que a contratação de Seedorf pudesse não acontecer?
- Pelo nível das negociações com a Deborah, que em todo processo foi de uma correção ímpar, com tudo muito positivo e no alto nível em que isso foi tratado, ficava uma dúvida se iria ou não, o que é normal, mas a esperança que pudesse acontecer sempre foi grande. Poucas vezes vi uma relação dessa forma. No nosso primeiro contato, ela disse que não havia intermediário e trataria de tudo. Falei que haveria uma equipe do Botafogo à disposição dela que responderia pelo presidente do clube. Isso foi muito importante.
seedorf (Foto: Agência Reuters)Seedorf é do Botafogo (Foto: Agência Reuters)
Como o Botafogo conseguiu chegar ao Seedorf?
- Nosso primeiro contato com ele foi através do Serginho, ex-jogador do Milan, que agendou essa ida minha à Itália em maio do ano passado para encontrar com ele. A partir daquele momento ele não poderia mais se envolver por ser funcionário do Milan. Sentamos no escritório dele em Milão e lá conhecemos a Deborah e tudo passou a ser com ela e a equipe que eu designei, formada pelo Sérgio (Landau, diretor executivo), Aníbal (Rouxinol, gerente jurídico do departamento de futebol), Bernardo Arantes (diretor de relações internacionais) e André Alves (advogado), além do André Silva (ex-vice de futebol). Em um segundo momento, o Anderson Barros (gerente de futebol) entrou no circuito, quando a situação se alinhavou mais, além de precisar do aval do treinador.
Quando percebeu que o Seedorf seria jogador do Botafogo?
- Na primeira conversa que tivemos, ele nos disse que queria ficar mais um ano no Milan e fechar um ciclo e depois pensava em sair, colocando o Brasil como opção. Apresentamos um projeto para ele, montamos um time, quase chegamos ao fim do Campeonato Brasileiro disputando o título e ele viu um time com possibilidades de ser campeão de verdade. Em novembro do ano passado, uma equipe dele veio ao Rio conhecer a estrutura do Botafogo. Nesse momento, disse ao André (Silva) que a gente havia ganho muitos pontos. Nós os recebemos e mostramos tudo, não escondemos nada e eles ficaram impressionados com tudo. Ali tive uma certeza de que as coisas aindariam bem. Dinheiro nunca foi o mais importante na negociação. Ele queria estrutura para jogar futebol e fazer o que mais gosta em um país com todas as atrações de uma Copa das Confederações e uma Copa do Mundo.
Muito se fala em projeto, mas o que foi apresentado a ele para seduzi-lo?
- Ele não quer chegar aqui sem a ambição de disputar títulos. Quer vir para desenvolver o futebol dele, com projetos sociais para os quais o Botafogo vai agregar valor, além da segurança de que vai receber o salário ao qual faz jus. Da forma que o futebol acontece na Europa, todas as variáveis desse caso eram importantes. Ele trata o Campeonato Brasileiro como um dos mais disputados do mundo, que tem craques como Deco, Fred, Zé Roberto, Luis Fabiano, Leandro Damião, Oscar, Valdivia, Ronaldinho, Montillo e, claro, Ganso e Neymar. Jogar nesse nível era tudo o que ele queria. São poucos os lugares onde isso é possível. E o desafio para ele é importante. Gosta muito disso.
chamada carrossel seedorf 3 (Foto: arte esporte)Seedorf chega ao Botafogo após longa negociação (Foto: Montagem)
O Botafogo terá parceiros para fazer o pagamento a Seedorf?
- Vejo as pessoas preocupadas com quem são os parceiros do Botafogo. Diria que nosso maior parceiro para ter o Seedorf e outros jogadores que vamos ter é a torcida. Tenho certeza de que ela vai estar ao nosso lado, pois estava ansiosa por isso. Faltava essa pitada de tempero no arroz com feijão do Fogão. A forma mais fácil e tranquila de ajudar é sendo sócio-torcedor, no programa Sou Botafogo, no qual você garante o lugar no estádio com R$ 50 por mês. Temos uma conta de 2,23 jogos no Engenhão por mês. Dá menos de R$ 25 por jogo. Reclamam que o nosso ingresso é caro, mas é a política que tem para torcedor virar sócio-torcedor. Semana que vem ele terá mais motivos para isso, com um time que disputará títulos. Essa é a hora dela.
Como ficou o pensamento dos outros jogadores com a vinda do Seedorf, já que há pouco tempo estavam com dois meses de salários atrasados?
- Fui muito claro na conversa que tivemos essa semana e eles sabem de onde vem as receitas e porque aconteceu esse atraso. Houve uma diferença de prazo entre o patrocínio a receber e a folha. Joguei aberto o tempo todo. Tenho uma relação boa com os jogadores e falamos sempre a verdade. Basta ver as entrevistas do Jefferson e do Renato. Mas uma coisa (atraso) nada tem a ver com a outra (Seedorf). Convivemos com tranquilidade com isso.
Dá para considerar a contratação do Seedorf a maior vitória de seu período como presidente?
A temporada dele acabou agora e vai precisar de uns dias de férias.
A chance de estar aqui no fim de semana que vem é grande, mas entrar em campo é com ele e o departamento técnico"
Maurício Assumpção
- A minha maior vitória vai ser na hora em que der o título brasileiro para a torcida. Temos um elenco de nível ou não ganharíamos de Coritiba e Internacional fora de casa. São jogadores como Jefferson, Antônio Carlos, Renato, Marcelo Mattos, Elkeson, Loco Abreu. Vejo o Brasil em dificuldades para achar um lateral e temos Lucas e Márcio Azevedo com boas atuações. Ainda sofre com irregularidade, mas com os jogadores que estamos trazendo vamos atingir essa regularidade que queremos. Como presidente, é o desenvolvimento da base, o projeto futuro do Botafogo. Já passei uma fase dela, com uma parte de renovação técnica e de filosofia vencedora na divisão de base. Temos hoje 11 jogadores estruturando nosso time profissional e em breve lançaremos a pedra fundamental de Marechal Hermes.
Já dá para pensar na estreia do Seedorf com a camisa do Botafogo?
- Temos que esperar um pouco. A temporada dele acabou agora e vai precisar de uns dias de férias. A chance de estar aqui no fim de semana que vem é grande, mas entrar em campo é com ele e o departamento técnico. Era fim de temporada lá e isso é muito desgastante. Talvez precise de uns 15 dias para estar apto. Queremos ele jogando o Brasileiro, a Sul-Americana, a Copa do Brasil, o Carioca e, se Deus quiser, a Libertadores. Não adianta antecipar, estourar e queimar etapas.
Qual foi a última vez em que você conversou com ele?
- Em maio desse, Sérgio, Aníbal e Bernardo estiveram lá e falei com ele pelo telefone. Disse que estava aguardando a sua chegada.

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