segunda-feira, outubro 29, 2012

Reação (tardia?) do Botafogo passa pelos gols, mas também pelo estilo de Bruno Mendes

As três vitórias após sete rodadas sem vencer precisam ser relativizadas, pelas fragilidades dos virtualmente rebaixados Figueirense e Atlético-GO e a decadência do Vasco. 

Mas é nítida a evolução coletiva do Botafogo. A ponto do time render com Renato e Seedorf juntos no meio-campo, problema desde a chegada do holandês, até o camisa dez sair lesionado no primeiro tempo dos 4 a 0 sobre o time goiano - virtualmente rebaixado, mas que complicou o líder Fluminense e o Internacional lutando pelo G-4. A equipe de Oswaldo de Oliveira seguiu com volume de jogo mesmo sem seu camisa dez e líder e construiu a goleada com autoridade.


Bruno Mendes comemora ao marcar para o Botafogo contra o Atlético-GP
Bruno Mendes comemora ao marcar para o Botafogo contra o Atlético-GP
Ocrescimento alvinegro passa fundamentalmente pela entrada de Bruno Mendes. Os cinco gols em quatro partidas – incluindo o do empate por 1 a 1 contra o Grêmio no Olímpico entrando na segunda etapa – obviamente chamam a atenção. Mas o jovem atacante, ex-Guarani, também melhorou a produção ofensiva por conta do seu estilo.

Bruno Mendes não é forte, porém tem boa estatura para disputas no alto. Não é velocíssimo, mas se apresenta nas bolas esticadas e muitas vezes chega mais rápido que os zagueiros. Também apresenta movimentação inteligente: se mexe de uma ponta a outra da grande área, sempre pronto para a tabela ou a infiltração em diagonal. Na frente do goleiro, a técnica e a frieza para definir tirando do goleiro.

Em alguns momentos peca pela afobação e arrisca o chute quando o melhor seria proteger ou passar. Às vezes compromete o trabalho coletivo girando para concluir, mesmo bem marcado. Mas também é capaz do passe de calcanhar para Lodeiro ajeitar e Seedorf concluir no primeiro gol do sábado no Engenhão.

No 4-2-3-1 alvinegro, o trio de meias trabalha com intensa movimentação. No entanto, não possui um elemento que dê profundidade pela rapidez, com ímpeto de atacante. Andrezinho, Seedorf e Fellype Gabriel ou Lodeiro são mais articuladores e/ou lentos. Com Elkeson na frente, faltava o “cacoete” de atacante de área apesar da velocidade. Com Rafael Marques, o ataque perdia quase tudo. 

Olho Tático
O 4-2-3-1 do Botafogo ganhou poder de fogo com os gols e a movimentação de Bruno Mendes.
O 4-2-3-1 do Botafogo ganhou poder de fogo com os gols e a movimentação de Bruno Mendes.

Bruno Mendes é ágil, tem presença de área e personalidade de quem sabe que pode decidir. Promessa de atacante completo. Mas dá a impressão que chegou um pouco tarde...

Com oito pontos de desvantagem para o São Paulo, último do G-4, faltando cinco rodadas, sem confronto direto e jogos contra os desesperados Palmeiras e Sport além do Atlético-MG buscando o título e o clássico na última rodada contra o Flamengo, a missão Libertadores parece inviável. O possível desfalque de Seedorf, com dores na coxa, é outro problema.

Mas mesmo que a reação seja tardia, o Botafogo agora tem boas notícias: a assimilação do 4-2-3-1 com mais equilíbrio entre os setores, a afirmação dos jovens Dória, Gabriel e Jadson que tornaram o sistema defensivo mais sólido no apoio aos laterais Lucas e Marcio Azevedo e também na saída de bola. A consolidação de Seedorf como referência técnica e de comando em campo valida o investimento no craque veterano.

Acima de tudo, a vocação de artilheiro e atacante moderno de Bruno Mendes. Se a passagem pelo clube não for apenas uma breve “ponte” para o futebol internacional, o alvinegro ganha peça fundamental para a montagem de um time mais forte em 2013. Na Libertadores ou não.

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